Esta incrível imagem feita pela missão Euclid é uma revolução para a astronomia. A imagem mostra 1000 galáxias pertencentes ao Aglomerado de Perseus, e mais de 100.000 galáxias adicionais mais distantes ao fundo, cada uma contendo centenas de bilhões de estrelas.

Muitas dessas galáxias fracas não eram visíveis anteriormente. Algumas delas estão tão distantes que sua luz levou 10 bilhões de anos para chegar até nós. Ao mapear a distribuição e formas dessas galáxias, os cosmologistas poderão descobrir mais sobre como a matéria escura moldou o Universo que vemos hoje.

Esta é a primeira vez que uma imagem tão grande nos permitiu capturar tantas galáxias de Perseu com um nível de detalhe tão alto. Perseu é uma das estruturas mais massivas conhecidas no Universo, localizada a “apenas” 240 milhões de anos-luz da Terra, contendo milhares de galáxias imersas em uma vasta nuvem de gás quente. Astrônomos demonstraram que aglomerados de galáxias como Perseu só poderiam ter se formado se a matéria escura estivesse presente no Universo.

“Se não houvesse matéria escura, as galáxias estariam distribuídas uniformemente por todo o Universo”, explica o cientista do Consórcio Euclid, Jean-Charles Cuillandre, do CEA Paris-Saclay, na França.

Os pontos de cruzamento entre os filamentos de matéria escura fazem com que as galáxias fiquem próximas umas das outras, formando um aglomerado. A teia cósmica permeia todo o Universo, e estruturas semelhantes são vistas muito além de Perseus, a até 12 milhões de anos-luz de distância.

Muitas galáxias nesse aglomerado já são conhecidas, mas Jean-Charles e seus colegas estão interessados nas pequenas galáxias que não eram visíveis em imagens de outros telescópios.

“Queremos ver as galáxias extremamente fracas e pequenas, chamadas galáxias anãs. Elas são dominadas por estrelas mais antigas que brilham na luz infravermelha. De acordo com simulações cosmológicas, o Universo deveria conter muito mais galáxias anãs do que as que encontramos até agora. Com Euclid, seremos capazes de vê-las, se de fato existirem em um número tão grande como previsto.”

Astrônomos também desejam estudar as formas dessas galáxias fracas dentro do aglomerado e ao fundo, porque suas distorções aparentes nos dirão como a matéria escura está distribuída dentro do aglomerado e no Universo como um todo. Esse efeito é chamado de lente fraca.

Nesta imagem, vemos mais de 100.000 galáxias além do Aglomerado de Perseus, das quais mais de 50.000 podem ser usadas para estudar a lente fraca. O levantamento completo do céu da Euclid será 30.000 vezes maior do que essa imagem, resultando em bilhões de galáxias sendo registradas.

Outro aspecto importante na imagem de Perseus feita pela Euclid é a luz fraca entre as galáxias no núcleo do aglomerado. Essa luz é causada por estrelas livres, uma consequência das interações entre as galáxias. Ao estudar essa luz intra-aglomerado, os cientistas podem rastrear a história do aglomerado. Também mostra como a matéria escura está distribuída.

Euclid observará inúmeros aglomerados de galáxias como Perseus, todos distribuídos ao longo da teia cósmica de matéria escura, fornecendo uma visão tridimensional da distribuição de matéria escura em nosso Universo. O mapa da distribuição de galáxias ao longo do tempo cósmico também nos ensinará sobre a energia escura, que acelera a expansão do Universo.

Fonte:

https://www.esa.int/Science_Exploration/Space_Science/Euclid/Euclid_s_view_of_the_Perseus_cluster_of_galaxies