Astrônomos descobriram o maior fluxo de estrelas já registrado na história. Essa corrente estelar, de brilho extraordinariamente tênue, pode ser a chave para desvendar a verdadeira natureza da matéria escura.
Denominado “Giant Coma Stream”, este fluxo de estrelas parece flutuar sem estar ancorado a nenhuma galáxia específica no aglomerado de galáxias de Coma, situado a cerca de 300 milhões de anos-luz da Terra. Javier Román, da Universidade de Groningen, na Holanda, e sua equipe identificaram essa estrutura utilizando o modesto telescópio Jeanne Rich, na Califórnia, antes de realizar observações complementares com o muito maior telescópio William Herschel, na Espanha.
A equipe de pesquisa descobriu que o “Giant Coma Stream” tem quase 1,7 milhão de anos-luz de comprimento e apenas cerca de 81.000 anos-luz de largura, o que o torna o fluxo estelar mais longo já observado. Sua massa estimada é cerca de 68 milhões de vezes a do Sol. “Temos correntes finas em nossa galáxia, mas o tamanho desta é completamente enorme em comparação”, afirma Román.
A magnitude e a estrutura desse fluxo sugerem que ele já foi uma galáxia por si só. “No início, era apenas uma galáxia anã comum, mas caiu no aglomerado e as forças de maré a esticaram nessa estrutura fina”, explica Román. “Essas correntes finas são muito frágeis, e observar uma estrutura tão frágil em um aglomerado galáctico é notável, considerando que este é um ambiente extremamente violento, onde as galáxias interagem intensamente entre si.”
A própria violência que criou o fluxo de estrelas provavelmente o destruirá nos próximos milhões de anos. No entanto, antes disso, ele pode se provar uma ferramenta útil para investigar a matéria escura.
De acordo com o modelo padrão de cosmologia, a matéria escura deve se aglomerar em “halos”. À medida que as galáxias no aglomerado de Coma se movimentam rapidamente umas em torno das outras, esses halos também deveriam fazê-lo. Eventualmente, alguns podem atravessar o fluxo, deixando buracos atrás. Essas perturbações poderiam ser usadas para investigar a natureza da matéria escura nos halos, sugere Román.
Ainda poderíamos aprender mais sobre a matéria escura, assim como a formação e evolução das galáxias, com mais exemplos de fluxos como o “Giant Coma Stream”. Mesmo com sua extrema tenuidade, esses objetos deveriam ser visíveis para a próxima geração de telescópios, como o telescópio espacial Euclid, lançado em junho. Portanto, os cientistas têm grandes expectativas de encontrar mais desses fenômenos nos próximos anos.
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